22 maio 2006


No ultimo ano de vida da minha mãe, ela começou a ficar desorientada, e aos poucos, foi perdendo a lucidez... Era estranho ver ela, que sempre foi uma das pessoas mais "fortes" que eu conheci, daquele jeito. De repente ela precisava de alguem ajudando pra ir no banheiro, tomar banho, comer. Esquecia onde estava, porque estavamos aqui em Jau... Muito mal sabia quem era...
Desde que eu me entendo por gente, tenho um medo absurdo de perder a lucidez, de ficar louca, de ficar dependente...
Depois que minha mãe morreu, eu comprei essa casa e me tranquei aqui. Não queria falar, ver, socializar com ninguém. Tinha medo até mesmo de chegar na porta, e só queria ficar trancada no meu quarto, no meio do caos que eu instalei aqui.
E assim chegou a Isis. Com a promessa de que ia cuidar de mim, ela veio do Japão, e eu fiquei muito feliz. Eu tinha consciência de que precisava de alguém tomando cointa das coisas, me chamando à razão... Só que não foi assim qua as coisas aconteceram. Eu estava mais acostumada a tomar conta do que deixar que tomassem conta de mim, e ela estava mais acostumada a deixar as pessoas tomarem conta dela... No início foi tudo lindo e maravilhoso, e então, tudo começou a ficar estranho, e eu começei a ficar infeliz. Creio que ela também... Muito tempo já tinha se passado pra que a gente se reencontrasse e ficasse tudo como antes, e assim foi. Com o tempo ela começou a ficar deprimida e doente, doente... Tantos problemas... E um belo dia ela perdeu totalmente a razão. E aqui estava eu, tomando conta de outra pessoa desorientada, que precisava de ajuda e atenção. Era um eterno desespero pr amim... Não tinha fim...
E meu medo de ficar louca, de ver as pessoas loucas, aumentou. Não que ela tivesse ficado nesse estado, mas ficou muito muito mal, e eu tive medo de ver uma menina de 20 anos daquele jeito.
Tomar conta de uma pessoa sem lucidez é o mesmo que estar sozinho. A gente tem que decidir tudo, pensar em tudo, ter tempo pra tudo... E eu fui ficando doente também...
Ela, graças a Deus, se curou, voltou ao normal, e voltou para o Japão com a mãe dela, e mais uma vez eu fiquei aqui, sozinha e meio louca, trancada em casa, com medo de tudo, sem querer ver ninguém... Foi preciso muito tempo pra eu voltar a encarar o mundo lá fora, encarar uma relação.
Antes de ontem eu fui visitar o Carlos. Ele me reconheceu!!!! Brincou, me xingou, falou com o Junior, reconheceu ele. Vi a felicidade dele quando o Rodolfo e a Bel chegaram. Mas era uma felicidade distante.... A felicidade de uma pessoa que nem sabe direito o que está acontecendo a sua volta, por isso, nem pode sofrer. Talvez seja melhor assim.
Estranho que meu amiguinho não esteja aqui me dando bronca, invadindo a casa, deitado na cama, fazendo comida... Tão estranho... As outras pessoas que eu perdi desse jeito, nunca puderam voltar pra mim, e talvez eu realmente nem quizesse. Algumas coisas devem ficar para tras, pra sempre!
Espero que ele volte... De todo coração estou esperando ele voltar... Espero ainda ter a oportunidade de ver ele montado naquela moto pra la e pra ca, com pressa, indo pro treiler, cortando uns cabelos, ganhando dinheiro pra pagar as dívidas... Mas pra isso queria que ele fosse feliz também. Não quero que ele volte com sequelas ou com infelicidade.
Espero ser desprendida, e que se o pior acontecer, eu aceite bem, consiga consolar as pessoas que ficam, e consiga me consolar também....
Estou com saudades dele... Muitas....

Um comentário:

Anônimo disse...

o carlinhos eh vaso ruim auhauha num quebra nem com bicuda de kichute