29 novembro 2008
25 novembro 2008
A coisa que eu mais lembro da doença da minha mãe, é um dia em que eu cheguei do Rio, da saga da venda do apartamento, e ela estava sentada na beirinha da cadeira me esperando, antes das 7 da manhã. Eu vi que ela já tinha morrido ali. Ela tinha perdido todos os quilos possíveis naquele espaço de tempo. Ela ficou velha pra mim ali. Ficou morta pra mim ali. Tão frágil minha mãezinha que sempre tinha sido tão, tão forte... A mãe que me apavorou a vida toda. Que me dominou, e me maltratou de todo jeito, mas que eu gostava tanto, porque era só eu e ela. Nem minha irmã esteve junto naqueles anos todos, porque ela e minha mãe tiveram uma história delas mesmas onde eu não pude entrar... Eu não queria de jeito nenhum ver ela daquela maneira, nunca. Minha mãe me ensinou uma coisa que se eu não tivesse aprendido com ela naquela época, estaria aprendendo agora, de uma maneira muito diferente.
Eu sou forte. Muito. Eu vivo com medo sim, mas não o medo das pessoas comuns. Meus medos, nas pessoas comuns, seriam devastadores. Eu os enfrento todo dia, com as bençãos da minha mãe, que me apavorou a vida inteira. As coisas que eu agüentei ao longo da vida, me provaram que ela foi a professora mais certa pra mim, pra me dar suporte pra tudo o que estaria por vir. Eu sempre quase morro... Eu quase morri várias vezes, de várias maneiras. Algumas por idiotice, outras por vontade, e outras porque às vezes a vida mata a gente.
Se ela estivesse viva, eu não saberia enfrentar nada a não ser a ela mesma. Ela tinha que morrer. Era hora dela e a minha. Eu não tive paciência suficiente sabe. Isso me assombra às vezes. Não dá pra evitar.
Na hora em que se perde uma pessoa, a tristeza é tão grande. A solidão, e disso eu entendo muito bem, é tão assombrosa! Eu gosto de usar palavras assim: assombrosa, assustadora! Porque tudo no mundo é assim pra mim! Quando as pessoas nos deixam, a solidão é tão assustadora, que nos impede de pensar com clareza. Eu gosto de chorar pelas pessoas que eu perdi. Não agora. Gostei de chorar por cada uma delas, pelo que elas me deixaram. Ainda que algumas dessas pessoas sejam grandes poços de mediocridade, elas sempre deixam algo bom. Deixaram.
Eu não acredito que ainda estou viva sabe. Isso é uma coisa totalmente fora do que eu esperava pra mim mesma. Era assim que eu era quando criança. Eu sonhava em ser igualzinha a Christiane F... Acho que eu consegui... Era um sonho torto, mas era uma vida torta também. Acho que eu era meio Sybill. Era várias pessoas em uma só. E ainda é assim que é. Eu tenho tentado de todo jeito entender. Tentar entender é uma coisa que vai estar sempre comigo, e vai ser sempre uma parte de mim.
Eu tenho que admitir. Eu sou muito diferente das pessoas, e ainda que eu tente passar despercebida, tente imitar, estar no mesmo level, nunca vai acontecer. Estar sozinha é sim a resposta pra tudo. Sabe de uma coisa? Eu faço coisas, digo coisas, penso e sinto coisas, que os cidadãos “normais”, não teriam nem coragem de cogitar.
Sabe de outra coisa? Isso deve ser motivo de inveja pra todos eles...
Eu sou crente. Deus sou eu. Eu sou o meu próprio messias, que me sacrifiquei pra tirar os meus pecados do mundo, mas eu não acredito em pecados. Então, o messias aqui ficou sem serviço. Quando vc falou em Deus, eu me assustei, porque algumas pessoas não têm muita coragem de falar de Deus assim, e eu tô cansada de rebeldia gratuita adolescente. Eu fiquei feliz. Ter fé mudou tudo pra mim.
Tô sempre falando que faria tudo de novo. Faria mesmo. Disso eu não tenho medo. De ter passado tudo o que passei, e que me tornaram o que eu sou hoje. Eu sou o orgulho de Deus, eu acho, porque dou ao meu cérebro a utilidade que ele sempre teve. Eu uso minha cabeça pra duvidar e pra pensar, e eu acho que quando Ele olha pra mim lá de cima, ele diz: A Eric entendeu o que eu quis quando fiz aqueles cérebros! Mas eu acho que ele pensa isso de poucos. Mas ainda bem que eu estou perto de alguns desses poucos. Eu acredito de verdade que Ele pensa o mesmo de vc, e quando nós estamos juntas, Ele deve dar boas risadas de satisfação da gente. Ele lê meu blog, e lê o seu tb!!! rs*
Tem coisas que eu entendo bem. Ainda bem.
Eric
24 novembro 2008
Ocasionalmente consigo entender algumas pessoas, ma as mais simples, as que funcionam por conta própria, como se estivessem soltas no mundo, sem profundidade, sem a prisão dos pensamentos, essas me são totalmente estranhas. Parece que quanto mais simples as mentes, mais complexas elas são.
Talvez seja assim mesmo que tenha que ser. A simplicidade deve ser o fim da linha, e não o meio. Alcançar paz de espírito, que deve ser mais importante que salário, casamento, felicidade e vida, deve ser o fim do caminho que chega a simplicidade. O não pensar, o não perceber. Quanto mais se percebe do mundo, menos paz se tem.
A minha mkente trabalha contra mim. Totalmente contra mim. Quando eu espero que as coisas se acertem e comecem a funcionar normalmente, ela se torce. É como se ela se alargasse e ficasse fina. Se esticasse toda, e tudo ficasse estranho. Mais estranho do que já é. Eu sinto as coisas de um jeito diferente. Apavorante. Totalmente assustador, como se de repente eu fosse jogada pra outro mundo, e tudo pudesse acontecer lá. Isso acontece de várias maneiras. As vezes ataques de pânico, as vezes crises horríveis de depressão, mas na maioria das vezes minha percepção de tudo fica estranha e alterada. Como se já não fosse uma coisa horrível sentir medo o dia todo, todos os dias. Depois que se tem a primeira crise de pânico, elas não te deixam nunca mais, ou pelo menos, nunca me deixaram. Estão lá, escondidas, como se estivessem observando por uma fresta, e quando eu finalmente abaixo a guarda, pronto, elas vem atrás de mim e me consomem. As pessoas não imaginam o que deixam pra trás quando saem daqui e me deixam sozinha. Mas eu agüento. Sempre agüento. Eu enfrento meus medos.
A maioria das pessoas não entende nada disso. Não importa o quanto sejam esclarecidas ou inteligentes, elas não conseguem alcançar o que passa na cabeça dos outros. A variedade, o monte de sentimentos estranhos que passam pela cabeça de cada um. Vontades, desejos, e as coisas secretas, que ficam escondidas no fundo, mas que existem lá, naquele plano que a gente tenta ignorar. Os medos, a angústia particular inside. Infelizmente a maioria só enxerga o que se passa dentro delas próprias, sem se interessar no conjunto de tudo o que vivemos a cada dia. As pessoas só olham pra uma direção, e perdem todo o resto à volta delas. Vai saber? Vai ver que é assim que as coisas devem ser. Mesmo!
Acho que todo mundo no mundo quer achar uma alma gêmea. Geralmente esse desejo se traduz num grande amor. Mas achar uma pessoa que entenda a outra, que queira as mesmas coisas, seja em que plano de relacionamento for, já é achar um grande amor. Na maioria das pessoas, esse grande amor é um grande amor romântico, e vou dizer uma coisa. Não há nada mais chato do que um amor romântico quando não se está envolvido nele, e geralmente eu não estou envolvida nele!! Mas eu sempre me confundo. Eu não tive grandes amores. Nunca, nunca!! O único que conto como um grande amor, foi o primeiro da infância, quando ele ainda era o que ele era antes de ser o que é hoje, essa pessoa estranha. Antes, no passado distante da juventude, ele era uma pessoa viciada e incrivelmente triste, devastada. Inteligente e vazia ao mesmo tempo, e claro, totalmente parecida comigo. Foi meu grande amor! Meu grande amor foi uma pessoa como eu, incrivelmente parecida comigo, mas com mais força! Eu estava buscando a mim mesma!
Os outros foram os pequenos amores... Os que eu tentei amar de todo jeito pra não me sentir tão sozinha, pra sentir que tinha alguem comigo, pra achar que podia ser normal que nem todas as outras pessoas, porque elas viam que tinha alguma coisa errada comigo, mas eu mesma nunca consegui chegar lá... Não consigo sentir aquilo tudo, e fico mentindo pra mim, e mentindo pros outros. Fico tentando disfarçar, e no final, não consigo devolver o que me dão. No final, eu queria que as pessoas morressem e desaparecessem, e me deixassem em paz sozinha.
Existe uma explicação altamente lógica pra eu não gostar de ter nenhum tipo de contato com pessoas do passado, tirando algumas pouquíssimas. Eu não gosto de lembrar dessas fases de imitação e desespero, e tentativas frustradas de aparentar uma normalidade que não existe em mim, pelo menos, não nesse ponto.
Eu nunca me sinto a vontade. Estou sempre me sentindo como se estivesse em frente a uma platéia gigante que está me analisando e me julgando, me olhando, até mesmo quando estou sozinha, apesar de que nessas situações melhora um pouco. É como se eu nunca estivesse totalmente sozinha. Nunca, nunca.
As pessoas buscam no grande amor a intimidade de se sentirem a vontade mesmo quando estão junto de uma pessoa. Eu não consigo entender isso! Sempre que estou do lado de alguém, morando com alguém, seja lá quem for, família, amigos, namorado, namorada, é como se aquela platéia estivesse em volta. Eu fico o tempo todo fingindo. Sempre fingindo que gosto de contato e convivência, como se tudo isso fosse a coisa mais normal do mundo. Mas pra mim não é.
Eu até entendo essa busca por intimidade, na realidade. É duro ser sozinho, mas não esse desespero de ter alguém do lado 24 horas por dia! As pessoas buscam isso, fazem de tudo!
Quando eu era pequena e meu pai foi embora, eu me senti triste, e chorei, e todo aquele stress, apenas pra descobrir em pouco tempo que com a ida dele, o vazio da presença deixava mais espaço pra mim mesma! Outra Andréa, outras Andréas, outras coisas e outras vivências, e eu entendi que quando as pessoas vão embora, elas deixam espaços pra trás. Nesses espaços, eu tento me sentir a vontade. Eu os preencho, quase não sinto falta das pessoas que foram.
Todo mundo costuma me dizer o quanto eu fui heróica e desprendida durante a doença da minha mãe e sua morte. A verdade? Foi um grande alívio. Não por nada. Eu gostava dela, mas não o suficiente pra passar o resto da minha frágil e curta vida ao lado dela. A solidão é sempre a resposta.
Eu não quero ter que ver as pessoas, ou falar com elas sempre. Eu gostaria de poder só observar. Só observar um pouco as pessoas que eu gosto, e entender como é que elas vivem desse jeito, com pessoas em volta e toques, e doces angustias diárias, desligadas do grande mundo em volta, em busca do grande amor. Sempre tentando, sem desistir nunca, por mais que digam que desistiram. Eu queria tanto entender porque comigo as coisas são tão diferentes! Não queria mudar não. Nada! Eu só queria compreender onde as coisas ficaram confusas comigo. Onde eu perdi o prazer de estar do lado das pessoas, apesar de achar que sempre foi assim... Onde eu perdi o interesse no comum, no cotidiano, apesar de poder jurar que nunca me interessei mesmo por nada. Tudo, e nada no mundo me chamam a atenção. Tudo de uma maneira dolorida, cada pessoa e cada cachorro, e cada célula, e nada de ninguém, as vezes nem de mim mesma...
Eu não acho errado fazer sexo. Só acho incrivelmente chato e não entendo que as pessoas gostem tanto!!
Se eu não posso ganhar o troféu de Deusa do Sexo, a de melhor atriz com certeza eu ganho. Não posso dizer que a culpa é dos parceiros, pois na maioria, eles bem que se esforçavam. Esforçavam-se muito até! Com o tempo aprendi a distinguir os melhores dos piores, mas sinceramente, não foi nunca uma questão de o parceiro ser bom ou mau. Sempre foi o fato de eu não achar graça em nada disso.
Ninguém pode dizer que eu não tenho coração. É que ele não bate da maneira como o da maioria!
Ao fingir que amava a incompreensível arte de fazer sexo, era apenas pra agradar o par. Não custa nada fazer as pessoas felizes. Eu de fato posso dizer que fiz várias, pelo menos nas ocasiões em que estava disposta a atuar.
Quanto ao ato em si, é uma grande violência. Totalmente desgusting! Tantos fluidos e bocas e situações nojentas! É uma grande humilhação que a raça humana precise se aliviar dessa maneira horrível. O ato sexual é a vitória dos instintos primitivos sobre o intelecto, mas claro, essa é a MINHA opinião...
Isso não significa que eu tenha odiado todas as vezes. De fato me diverti em algumas e posso dizer que gostei de outras, mas não sei dizer se gostei da maneira apropriada ou não. Quando gostei, não foi pelo lindo sentimento envolvido no ato, ou pelas ondas de prazer que me tomaram no momento, ou pelo gozo que nunca chegou.
É que a mecânica de tudo isso é totalmente fascinante! O início, a troca, a técnica, o ato, e depois, a felicidade estampada. As reações finais são ótimas também! A parte boa do sexo é que estar tão perto de uma pessoa nessa hora torna possível a observação in loco! Se não fosse por isso, por esses momentos mágicos de observação, seria impossível alcançar a perfeição na imitação.
Não por maldade, sério mesmo. Aqui tenho que fazer um mea culpa... Eu fingi todas, todas as vezes, mas com a melhor das intenções... Não se trata de ser bem comida, ou não ser. Trata-se de eu não gostar do ato. E todas as vezes em que cheguei a achar que poderia mesmo suportar, tinham outras coisas envolvidas ali. Não sentimento, nem toque, ou química. Era outra coisa.
Eu sinto demais. Ninguém pode me chamar de insensível. Não tenho problemas em sentir coisas. Muito pelo contrário! Gosto de situações bizarras onde eu possa sentir, acompanhar e entender os sentimentos das pessoas. Me colocar no lugar delas até me sentir como elas, sentir o que elas sentem.
Eu sou depressiva desde que me entendo por gente. Acredito que depressão também pode ser traduzida como “sentimentos a flor da pele”. Viver é uma grande agressão pra mim, pois envolve uma loucura de sentimentos gigantescos, e tristezas sobrenaturais e sem fim, não apenas minhas, mas de todas as pessoas à volta, e eu trago isso tudo que é dos outros pra casa, pra minha solidão, pra poder sentir isso aqui, sozinha, e viver um pouco aquelas coisas. Louco não? Tirando alguns momentos em que sofrer se torna insustentável, na maioria do tempo creio que aprendi a disfarçar muito bem o que sinto, ou quase... Acho que posso aparentar frieza frente a quase qualquer situação, mas se alguém quiser saber um segredo, nessas horas, eu abro muito os olhos. É como um registro numa fonte. É possível diminuir o fluxo, fechar, deixar correr. É totalmente possível se enquadrar.
Eu sofro com as dores alheias, as levo comigo, guardo no fundo, junto com as minhas. Misturo, recrio, observo, e posso sentir junto das pessoas a dor que elas sentem, quase tão bem quanto sinto as minhas. E eu sinto! Eu sinto cada coisa, e mudança e penso, e quanto mais eu penso, mais eu sinto, e parece que menos entendo o sentimento...
Isso me leva de volta ao sexo. Não é que eu não sinto nada. É que eu sinto errado. O que eu sinto não é bom. É quase como tomar um remédio amargo. É ruim, mas se não tiver outra alternativa eu posso agüentar.
17 novembro 2008
09 novembro 2008
Hoje acordei cedo e fui numa loja d materiais de construção ver preço de pisos e janelas. A febre da reforma tomou conta de mim agora. Por quanto tempo? É preciso ter paciência pra fazer essas coisas, e minha atenção é desviada logo...
Tá passando o dia do chacal e eu vou lá assistir, ou pelo menos tentar...
02 novembro 2008
Imagem 4 - Concentração Extrema: Uma das mais simples, e mais efetivas, formas de dormir no trabalho. Imprima algumas folhas importantes e junte-as em uma pilha na sua frente. Com uma mão tape seus olhos, deixando apenas o espaço para ver o conteúdo das folhas e com a outra as segure. Importante: Troque de folha a cada 15~20 minutos.
01 novembro 2008
Porém... Coisas boas também aconteceram. Por exemplo: Assinei os papéis para mudar de cargo, e fiquei feliz com isso, pois significa que vou ganhar um pouquinho mais. Pouquinho mesmo, mas mesmo assim é uma vitória. No entanto o trabalho que eu vou fazer é o mesmo, o que também significa que eu estou numa barreira profissional, não que ser funcionária pública seja profissão, mas até que é divertido as vezes, e ganho a vida fazendo isso.