08 abril 2011

Quem diria que ontem comecei a noite chorando tanto...
Achei o Jeferson no FB e conversei durante muito tempo com ele, e matamos as saudades e falamos da nossa linda juventude na Cruz e Souza. Lembramos, e analisamos nossa carioquice, sentimos saudades, conversamos... Eu sinto tanta tanta saudade de casa... Aqui nunca vai ser meu lar, assim como nenhum outro lugar poderá ser, mas sim, o Rio é o lugar mais próximo de um lar que eu posso conceber...
De um tempo pra cá tenho lembrado de tantas coisas, e fico pensando que tudo poderia ser tão diferente caso eu não tivesse vindo acabar aqui... Nunca gosto de pensar no que poderia, mas acho que entre tantas coisas, esses pensamentos acabam se tornando recorrentes. É sim. Como seria se eu não tivesse vindo pra cá? Talvez minha mãe ainda estivesse viva. Talvez eu nunca tivesse fumado a primeira pedra. Nunca teria errado comigo mesma tantas vezes. Conjecturas, claro...
Eu queria uma familia. Ser sozinha é de fato a pior coisa que pode acontecer a alguem. Todos sempre falam que eu poderia ter filhos, poderia casar. Vou achar um companheiro. Vou ser feliz feliz feliz. Não, não é nada disso, e ninguem entende... Quando eu digo que queria uma familia, queria minha mãe de volta. Ainda que psicotica e violenta, queria ela de volta. A única pessoa no mundo com quem eu me sentia confortável, mesmo estando desconfortável. A que me conheceu antes de tudo. As outras pessoas são só estranhos...
Muitas vezes eu já falei que a morte da minha mãe foi uma das melhores coisas que me aconteceu, e realmente, essa morte me fez dar um passo à frente. Me fez entender o que de fato significava independência, lutas, vida. Mas eu abriria mão de tudo isso por ela ao meu lado, e uma parede entre esse sentimento horrivel de não pertencer a nada, a ninguem, e a lugar nenhum.
Patético.
Talvez com o tempo eu tenha desenvolvido uma espécie de sindrome de Estocolmo em relação à minha mãe. Ela foi meu algoz, mas foi um porto de fato seguro por tanto tempo, e sem ela, praticamente tudo ficou desfocado.
Eu não me engano achando que estou falando essas palavras no auge da minha saúde mental, mas quem liga de verdade pra parecer louco ou não, se nesse meio tempo puder pelo menos, se não se sentir feliz, se sentir segura. Ter uma mão estendida... Ter alguem ali por você. É tão triste se levantar sozinho, no meio de todo o turbilhão de coisas que passam pela minha cabeça agora...
Eu nunca fui feliz. Engraçado pensar nisso agora, porque ao olhar pra tras, vejo que tantos e tantos erros transformaram minha vida num amontoado de situações tristes, aterrorizantes, no meio de um caos absoluto e com muito medo sempre, e no entanto, eu sinto falta dos meus carcereiros. Agora que eu não preciso mais aturar a vida daquela maneira, eu podia ser livre! Teoricamente o mundo está aos meus pés e eu posso ir pra qualquer direção que eu quiser, e no entanto, eu só quero ficar aqui dentro trancada, sozinha. Depois de tanto tempo assim, claro, estou ficando perturbada...
Eu tenho andado muito triste. Ao mesmo tempo que consegui alcançar algumas conquistas, parece que perdi tantas coisas, pessoas... Todos os que passaram, fatalmente sumiram, foram embora. Eu já cheguei a lamentar muito isso no passado, mas hoje em dia eu só aceito. Não quero mais brigar, nem me descabelar, nem sentir rancor. Eu só preciso mesmo é de um pouco de paz de espirito... Talvez um dia eu tome coragem e vá embora também, mas sabe de uma coisa? Eu não teria pra quem contar essas minhas conquistas. Esses dias me peguei pensando nisso... Queria ter alguem pra poder contar que coisas boas ainda podem acontecer, e que coisas ruins acontecem o tempo todo, mas não tinha ninguem do lado. Ninguem por perto pra escutar. Perceber isso deve ter me causado a mesma sensção de ter levado uma paulada na cabeça, porque foi tão chocante!! Me causou tanto espanto perceber que eu não tenho ninguem próximo!! Eu estou cada vez mais distante das pessoas, das coisas comuns. Parece que tudo está ficando esquisito, e muito muito cinza.
Hoje eu fui em uma escola palestrar sobre tratamento de água, e no meio de todas aquelas crianças me lembrei de mim mesma. Nunca consegui ter uma sensação boa ao me lembrar da infância, e me senti aterrorizada em tentar imaginar quantas daquelas crianças não estariam voltando pra uma casa como a minha, cheia de rancor, raiva e medo. Que daqui a muitos anos, algumas delas também vão estar sentadas sozinhas, imaginando onde mesmo que perderam o controle de tudo o que se passou, e desejando tão ardentemente que alguma coisa simplesmente as resgatem disso tudo! Pra que elas não percam a esperança!! Que algo incrivel desça do céu e transforme a vida delas em algo suportável, como eu mesmo desejo tanto agora, e no fundo eu sei, e todo mundo sabe, que não vai acontecer... Não vai aparecer... É só isso mesmo o que a gente tem...
Não tem mais nada lá fora não é mesmo? Não vai aparecer um salvador, acontecer um milagre. A alegria verdadeira não vai voltar... Vão ser só alguns pequenos momentos nos quais se agarrar, e rezar ardentemente que eles durem o máximo possível, pra gente não ficar louco de vez...

Um comentário:

Unknown disse...

Nhá fofuxa...você falando assim me deixa triste também...Sei que as coisas são barra para você...tudo isso de uma vez...a falta de sua mãe...a falta do lugar onde pertencia...
Mas sei que tudo isso é passageiro.E tudo se encaixará...
Lembre-se que não estará sozinha...
Beijos e te adoro mocinha!!