21 junho 2008

Se tem uma coisa ruim que eu posso dizer sobre depressão, é que ela nunca mais vai embora, por mais que você ache que ela foi, ou por mais que você reaja a ela, ou por mais que você ache que a vida está sorrindo pra você. Ela sempre volta. E como estamos sempre desejando que ela nunca mais volte, sempre desejando que coisas boas aconteçam, e quando elas acontecem, fatalmente, nós baixamos a guarda, a depressão fica a espreita, pronta pra atacar de novo. E se tem uma verdade a ser dita sobre isso tudo, é que ela de fato, sempre volta.
A ultima semana já não foi aquelas coisas, e eu vi que ia piorar, e de fato piorou. Não que eu espere por isso. Sempre tô achando que agora mudou de vez, que tudo sempre vai melhorar.
Tô meio chateada com a Rubita, mas nada sério. Ela também tem os problemas dela, e eu não posso interferir. Tirando alguns leves conselhos, as coisas tem de ficar como estão e eu não posso fazer nada. Tive a capacidade de atrair a nova mulher dela, que fez o favor de me ligar e ficar falando idiotices pra mim no telefone. Minas são estranhas, e talvez por isso eu não goste de ter muito contato com elas. Isso me deixou muito irritada, e toda irritação sempre ajuda a piorar todo o resto.
E além disso tudo, ainda tem aqueles montes de sonhos secretos que se instalam nas nossas mentes e ficam por lá, mostrando como tudo pode ser chato, horrivel, imcompreensível. E quando comparamos tudo aquilo com a realidade, é muito duro crer que tenhamos que viver desse jeito, sabendo que tem milhares de coisas lá fora, que simplesmente nunca vamos ver, ou saber, ou presenciar, e que também existem milhões de coisas aqui dentro, que vão apenas ficar na imaginação. A gente simplesmente nunca vai chegar lá.
Viver é muito difícil. Eu sou inepta a viver a vida real, de cara limpa e peito aberto. A realidade simplesmente me derruba. Nada daquilo que aprendemos ao longo da vida nos prepara para a frustração que é saber que a vida é só isso. Não tem nada mais. É só esperar pelo fim, enquanto algumas pessoas vão na frente, e nós ficamos aqui nos agarrando a isso, sem saber como pode ser depois. E mesmo com todo esse medo que nós, que somos tão pequenos, somo apenas um pedaço de tudo isso, sentimos, as vezes desejamos que tudo acabe logo, e que seja sem sofrimento e sem dor, porque todo o sofrimento e dor da realidade a nossa volta, já nos faz sofrer tanto, e nos mostra como é insuportável estar aqui nessa espera. Uma espera longa e angustiante pelo fim, com o eterno medo de nada acontecer entre o inicio e o final de tudo. O medo de ter apenas passado por aqui, e não acontecido aqui. O medo que o esquecimento se abata sobre a nossa existência, no meio de bilhões iguais. Nós não deixamos marca nenhuma. Nós simplesmente não somos nada...

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