07 setembro 2011

Basicamente, todo mundo no mundo quer uma coisa só. Ser feliz. Não importa que esse seja um desejo utópico, porque é impossível alcançar a felicidade plena. Existem bons momentos. Momentos felizes, sim, claro. Mas sejamos sinceros. Quando vivemos aqueles gloriosos momentos de felicidade, sabemos que em breve tudo vai acabar, e de volta virão os momentos chatos, os tristes, e aqueles tristes de verdade mesmo. Os de doer, sabe como é?
Entretanto, a algum tempo atrás, eu estava conversando com alguem, e talvez fosse a Claúdia, e estávamos falando sobre esse mito da felicidade obrigatória. Até o Jabour já escreveu sobre isso. Tristeza e fracasso aparecem lado a lado na cabeça das pessoas, talvez. É inaceitável não ser feliz. Se ter sucesso é alcançar a felicidade, então é culturamente vergonhoso aceitar que podemos ser, de fato, pessoas tristes.
O ser humano é feito de várias emoções, todas elas sim, igualmente importantes. A tristeza é uma delas. Se cada pessoa é diferente da outra, e vemos pessoas que claramente aparentam felicidade, é natural que outra simplesmente sejam tristes.
Existe uma pressão horrorosa pra se alcançar a felicidade. É ofensivo não crer que se pode ser feliz. Tanta pressão, tanto stress pra se alcançar uma coisa que na minha opinião não existe de verdade, claro, causa muita infelicidade!
O ódio é uma emoção humana, mas ninguem odeia o tempo todo. Mas temos que ser felizes o tempo todo. É ou não é um ideal pequeno burguês acreditar que a humanidade segue à caminho da felicidade suprema, quando existe tal desigualdade no mundo? Parece até ridiculo dizer isso, mas é verdade. Quando é que dá pra ser feliz, sabendo que tem uma legião de cãezinhos Burne por ai, nas garras da turba? O mundo não é legal. E também não é feliz! Mas tudo bem, porque não é obrigação nenhuma ser feliz!!! A gente não está aqui pra isso, né?
A sociedade tem sempre as mesmas formulas meio falidas pra se alcançar a felicidade, que só dão certo pra uns e outros, mas que todos insistem em tentar repetir. Casamento, filhos! Mais e mais gente se juntando na tentativa de nunca deixar de povoar o mundo que já está estourando de tão cheio, e as pessoas não param nunca!!!! Correndo atrás dessa obrigação absurda de ser feliz ou morrer tentando! Não! Esse não é mais o caminho!! Agora a gente tem que fazer tudo diferente...
A felicidade não está em se entregar ao outro, não é uma coisa pra ser achada na normalidade social!! Ela pode ser achada lá também, mas ela pode estar em qualquer outro lugar, ou simplesmente, não estar em lugar nenhum, e ninguem vai ser menor ou inferior por causa disso!!! É só desse jeito que a gente é. Todos nós! Cada um!
A coisa mais estranha, acho eu, é que todos buscam sempre nos mesmos lugares. Todos são iguais. Seguindo os desejos, e as convenções de gerações e gerações atrás... rs Todos!! É tão complexo o que não segue esse modelo, que não pode ser aceito, precisa ser negado, mesmo pelos que tentam também não seguir o modelo. Deu pra entender isso???
As vezes eu preciso trocar umas ideias com o Aderson só pra saber que tem alguem que entende tudo isso que eu falei. Isso tudo porque ele é o único cara de fato feliz do qual eu já ouvi falar! hahaha \o/


"À força de prometer a felicidade para todos, o liberalismo de mercado acaba por criar falsas esperanças e um ambiente de insatisfação colectiva. O mito igualitário da felicidade obrigatória une-se aqui com o do progresso indefinido do nível de vida individual, independentemente da prosperidade dos circuitos económicos. Paradoxalmente, cada crescimento quantitativo do nível de vida reforça a insatisfação psicológica que seria suposto eliminar, provocando no corpo social uma dependência quase fisiológica a respeito dos desejos económicos, com as múltiplas consequências patológicas que isso acarreta. "A falsa libertação do bem-estar, escreve Pasolini, criou uma situação tão ou mais louca que a dos tempos de pobreza". Guillaume Faye

"Hoje, a felicidade é uma obrigação de mercado. Ser deprimido não é mais "comercial". A infelicidade de hoje é dissimulada pela alegria obrigatória. É impossível ser feliz como nos anúncios de margarina, é impossível ser sexy como nos comerciais de cerveja. Esta "felicidade" infantil da mídia se dá num mundo cheio de tragédias sem solução, como uma "disneylândia" cercada de homens-bomba. A felicidade hoje é "não" ver. Felicidade é uma lista de negações. Não ter câncer, não ler jornal, não sofrer pelas desgraças, não olhar os meninos malabaristas no sinal, não ter coração. O mundo está tão sujo e terrível que a proposta que se esconde sob a ideia de felicidade é ser um clone de si mesmo, um androide sem sentimentos." Arnaldo Jabor

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