21 fevereiro 2011

Quando a minha mãe morreu, eu fiquei absurdamente triste. Muito, muito. Sozinha de uma maneira impensável até então... É muito triste perder uma pessoa que se ama tanto tanto, como uma mãe, por pior que tenha sido o relacionamento, ou a convivência. Eu achava que não aconteceria, mas um dia isso tudo passou... A dor daquela perda continua absurda, porém ela já não me afeta mais daquela maneira. As coisas foram ficando pra trás.
As pessoas costumam pensar que eu sou fria, ou que não tenho sentimentos. Que eu não ligo tanto assim pra maioria das coisas, ou que talvez eu não consiga amar.
Meus sentimentos são, na verdade, a flor da pele. Eu sinto demais. Tudo me causa sofrimento, e por isso, pra conservar minha sanidade mental, eu me coloco um pouco à distância de tudo, e com isso posso dizer que minha inteligencia emocional aumentou. Se tornou mais fácil pra mim lidar com as emoções, sem ser o trem desgovernado que eu costumo ser em relação à praticamente tudo. O controle é difícil, e raro, mas eu entendo que é o meu próprio bem que eu defendo quando me distancio de tudo.
Entretanto...
Hoje por um grande acaso, encontrei o Márcio na net. O Márcio morou na minha rua, e foi meu vizinho durante anos e anos, ou pelo menos os anos que duraram aquela adolescência de doido que eu tive. Eu perdi a virgindade no terraço do meu prédio com o irmão do Márcio, numa época em que eu era realmente uma vaca ocupacional, mas com bastante alegria e dedicação no coração.
Foi uma época conturbada e boa pra mim, ao mesmo tempo que foi tensa e triste. Foi tudo ao mesmo tempo, fazendo minha cabeça disparar pra todos os lados, e me ajudando a me tornar o que eu sou hoje.
O nome do irmão do Marcio era Marcelo, e eu descobri que ele faleceu em 2006... Nós não éramos namorados nem nada disso, mas ele era um grande amigo, e faziamos várias coisas juntos, pra lá e pra cá na rua. Eu sinto uma falta dessa época, que eu nem percebi até conversar com o Márcio hoje. Lá eu tive infância e adolescencia. Aprendi, vivi, testei, briguei.
No meio desse acúmulo de experiências e emoções adolescentes, eu conheci o grande amor da minha vida, e não, não era o Marcelo.
Eu acho que adorei o meu grande amor desde a primeira vez que conversei com ele, apesar de ter passado por um período de ódio intenso antes disso. Sabe como são as coisas né? Amor, ódio... tudo ao mesmo tempo agora...
O nome dele era Luciano, e eu gostei tanto dele, tanto, tanto, que afetou todos os possiveis relacionamentos que eu pudesse vir a ter depois disso, porque atras de tudo sempre estava o Luciano. Ele sabia disso, do efeito que ele causava, e eu sabia também o efeito que causava nele, o que em meio aquela loucura toda era muito tenso, desesperado e muito romântico. A gente conversava horas, e acho que poucas pessoas conseguiram entender tão bem um ao outro quanto naquelas épocas de adolescência na Cruz e Souza... Até o momento que eu deixei aquele lugar, eu sabia exatamente onde meu coração estava e aonde estava o dele, e era tanta tanta loucura, que nós nunca sequer namoramos. A gente fazia muitas coisas, e tinhamos muita intimidade, e os momentos mais românticos do mundo, nós dois, no meio de tudo. Eu me lembro exatamente dos momentos que passamos juntos. Lembro dos diálogos, lembro de cada detalhe, dos toques e das sensações. Tudo tudo, e das vezes que eu chorei e ele me consolou e vice versa... Lembro de tudo mesmo, e do Rio, a única coisa que eu sempre quis reencontrar, foram aqueles momentos, e aquela pessoa, que foi tão enormemente importante pra mim que eu nem sei como explicar sem parecer totalmente ridículo e piegas. Sim, ele era meu outro lado. E depois se casou, e teve filhos, e conversamos... Nada se perdeu, nada nada...
Hoje conversando com o Márcio, fiquei sabendo que o Luciano morreu no ano passado...
Sabe, talvez a gente nunca mais se encontrasse... talvez fossem só aqueles momentos do passado para a vida toda, talvez, talvez... Eu não tenho como saber. Eu nunca acreditei que um relacionamento pudesse ser daquela maneira, mas era daquele jeito que eu sonhava, no caso de realmente voltar a sentir o que eu sentia por ele, por qualquer outa pessoa. Que puta dor eu estou sentindo agora. Foi a muitos anos, e estava muito distante, mas hoje, saber que eu perdi a chance de falar com ele de novo, e relembrar tudo aquilo, conversar, ouvir a voz, me levou de volta pra escada do prédio, ouvindo e falando. Discutindo, brigando...
Doeu. Essa doeu de verdade.

Um comentário:

shantall disse...

ateh eu que aos seis anos achava que a branca de neve devia ter fugido com o cara que levou o coração do veado pra madrasta mah... torcia pro c reencontrar o tal do Luciano, que eu sei lah pq sempre chamo de Flavio... ah que pena..